Por g1 São Carlos e Araraquara


Pesquisadores da região convivem com bolsas defasadas e redução de projetos

Pesquisadores da região convivem com bolsas defasadas e redução de projetos

Pesquisadores da pós-graduação de universidades públicas de Araraquara (SP) e São Carlos enfrentam cortes em bolsas de pesquisa e reclamam dos valores defasados que não acompanham o aumento da inflação e que, há anos, não são reajustados.

Dados da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência revelaram que as duas maiores instituições de financiamento à pesquisa do país, a Capes e a CNPq, sofreram, nos últimos dez anos, um corte de 51% na verba pública que seria destinada a tais órgãos.

Quando questionada, a Capes assegurou um reajuste de 17% no orçamento de bolsas para 2022 (veja abaixo o posicionamento).

“Nós vivemos uma sucessão de cortes na ciência que já data de vários anos e essa sucessão foi apenas se agravando. Com o corte de bolsas, nós temos um grande número de talentos que deixam de ser aproveitados”, explicou o presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, Renato Janine Ribeiro.

Pesquisador da USP de São Carlos — Foto: Reprodução EPTV

Com os cortes sucessivos na verba destinada às instituições de incentivo à pesquisa, muitos alunos temem não conseguir finalizar o programa de pesquisa devido à suspensão de bolsas, enquanto outros temem pela não abertura de novas vagas nos programas deste ano.

“Tem pessoas que realmente dependem dessa bolsa, principalmente para se manterem na cidade onde estudam, porque, em muitos casos, os alunos vêm de outras cidades para estudar e fazer pesquisa”, explicou a pós-graduanda de pedagogia da Unesp de Araraquara, Sara Ramos Mendes.

Fachada da UFSCar em São Carlos — Foto: Fabio Rodrigues/G1

Bolsas defasadas

Além dos cortes no oferecimento de bolsas de pesquisa, os estudantes que já participam de programas de incentivo à ciência enfrentam a defasagem dos valores do auxílio, que, sem os devidos reajustes, acabam não sendo suficientes para manter os alunos na universidade, visto que o custo de vida se eleva anualmente a partir do aumento da inflação.

Há mais de um ano, Sara participa de um programa de pós-graduação em pedagogia e recebe uma bolsa mensal no valor de R$ 400 para cumprir o cronograma de pesquisa e ministrar aulas em duas escolas da rede pública de Araraquara.

“Eu utilizo a bolsa somente para algumas despesas básicas, mas não é uma bolsa que a gente consegue pagar o aluguel de uma casa, por exemplo, ou fazer a compra do mês no supermercado”, afirmou a pesquisadora.

Campus da Unesp de Araraquara — Foto: Rodrigo Sargaço/EPTV

Sara conta, ainda, que ficou dois meses sem receber o auxílio da pesquisa, que é financiado pela Capes. Para reverter a situação e não prejudicar a pesquisadora, a Unesp teve que se responsabilizar pelo pagamento do benefício.

Posicionamento da Capes

Em nota, a Capes informou que o orçamento destinado ao pagamento das bolsas terá um reajuste de 17% em 2022, elevando para R$ 540 milhões o valor do fundo financiador.

Com o aumento, a instituição garantiu o pagamento integral de todas as bolsas de pós-graduação e do programa de formação de professores neste ano. A presidência da fundação assegurou, ainda, que continuará tomando medidas em prol da recomposição do orçamento para incentivar a ciência no país.

VÍDEOS: Reveja as reportagens dos telejornais da EPTV

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