NÃO PODE CRITICAR?

Estudante e funcionários da UFPB prestam depoimento à Polícia Federal por críticas a reitor

Odara Alves, aluna da universidade, considera que o caso configura perseguição a quem se coloca contra a reitoria

Brasil de Fato | João Pessoa (PB) |
Universidade Federal da Paraíba - Reprodução - UFPB

Servidores e estudantes da Universidade Federal da Paraíba foram intimados e prestaram depoimento à Polícia Federal após terem sido acusados pela instituição de "crime contra a honra e ameaça ao reitor em exercício", Valdiney Gouveia.

A servidora Lena Leite, a estudante Odara Alves e mais três professores da UFPB foram convocados pela PF para deporem. Segundo Lena, o caso decorre de uma fala realizada no Conselho Universitário em que Gouveia  foi chamado de "interventor". 

Entenda o caso

No ano passado, o Comitê Contra a Intervenção na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), composto por entidades e coletivos da universidade, apresentou um dossiê que pontua uma série de problemas na gestão de Valdiney: repressão e a censura no ambiente acadêmico; ataque a entidades representativas e movimentos democráticos; descaso com as condições de vida de estudantes e trabalhadores; gestão da universidade subordinada ao alinhamento ideológico à extrema-direita e usurpação e esvaziamento das atribuições e competências dos Conselhos Superiores da Instituição.

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Em maio deste ano, a destituição do reitor Valdiney Gouveia chegou a ser avaliada em reunião que envolveu as três principais instâncias deliberativas da UFPB: o Conselho Universitário (Consuni), o Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe) e o Conselho Curador. O encontro, porém, foi presidido pela vice-reitora da instituição, Liana Filgueira, o que foi considerado irregular. A reunião acabou sem conclusão. 

Censura?

A estudante Odara Alves e a servidora Lena Leite afirmaram à coluna de Mônica Bergamo da Folha de São Paulo que a motivação da atual reitoria é censurar a comunidade da UFPB. "É um estado de repressão e perseguição a qualquer pessoa que se coloque contra essa reitoria", disse Odara.

Em nota, o Sintes-PB, Sindicato dos Trabalhadores (as) em Ensino Superior da Paraíba, prestou solidariedade aos profissionais intimados e falou em perseguição. "A atual gestão da UFPB, imposta à comunidade acadêmica em desrespeito à vontade democrática da maioria, encontrou na intimidação e no assédio um meio de se sustentar, uma vez que não conta com apoio das pessoas que verdadeiramente fazem a UFPB. Por isso, tem recorrido, cada vez mais, a processos jurídicos na tentativa de calar e perseguir aqueles com coragem de criticar", declararam.

A Procuradoria Federal junto à UFPB, disse que "apenas atendeu solicitação da reitoria da instituição de ensino e encaminhou o relato das agressões à Polícia Federal, órgão competente para investigar o caso". Já a Polícia Federal não irá falar sobre o caso porque o inquérito ainda está em andamento.

 

Fonte: BdF Paraíba

Edição: Polyanna Gomes