Claudia Costin

Diretora do Centro de Políticas Educacionais, da FGV, e ex-diretora de educação do Banco Mundial.

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Educação em família para além do ensino formal

Não são só os pais que ensinam; as crianças e os jovens trazem informações

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Num livro recentemente lançado, "Como Educar Famílias para Futuros Desafiadores", Rafael Parente e Caio Dib abordam temas relevantes no cenário pós-pandêmico que deveriam chamar a atenção de famílias, não só de escolas. Afinal, educação de crianças e jovens é responsabilidade compartilhada entre instituições escolares e lares. Mas avançam ainda mais ao incluir os próprios adultos entre as pessoas a serem educadas, numa visão de aprendizagem ao longo da vida.

O interessante no livro é que, usando tecnologia e "QR codes", a pequena obra, numa linguagem destinada a um público menos acadêmico, extrapola seus limites físicos e inclui entrevistas interessantes com pesquisadores, estudantes e professores que exploraram os temas abordados. Inclui também recomendações práticas, sem, no entanto, transformar-se em publicação de autoajuda.

A educação em família, de fato, resgata a ideia de que aprendizagem não está limitada ao tempo e ao espaço da educação formal. Ela se inicia na primeira infância e avança no fortalecimento de vínculos afetivos, em lazeres e refeições partilhados, na solidariedade em momentos difíceis e nas narrativas de vivências dos mais velhos. Aprendemos ao ouvir como problemas foram solucionados e nas conversas ao entendermos que diferentes pessoas podem abrigar perspectivas e opiniões distintas sem precisar se agredir.

Mas não são só os pais que ensinam. As crianças e jovens trazem informações que aprenderam nas aulas, em leituras ou em trocas com colegas que podem enriquecer o diálogo. É justamente nesses contatos intergeracionais, muitas vezes na forma de perguntas, que muitos adultos continuam sua jornada de aprendizado.

A pandemia nos trouxe, especialmente àqueles entre nós que estiveram confinados em teletrabalho e tiveram que organizar um ambiente de aprendizagem para seus filhos, um tempo maior de relacionamento familiar. Foi um período tenso, cheio de frustrações e sofrimentos, mas também de aprendermos uns com os outros e com o que estava sendo vivenciado, evidentemente que em famílias não disfuncionais.

Nesse sentido, acabamos nos preparando nesta fase para desafios que o mundo nos reserva, relacionados a eventuais novas pandemias, a maior volatilidade, necessidade de cooperação entre países, negacionismos científicos e históricos e automação acelerada, substituindo postos de trabalho. Mas os maiores aprendizados que algumas famílias tiveram no período foram justamente os de como construir uma comunicação não agressiva e serem resilientes em tempos de grande tensão.

E isso deve nos ajudar muito no futuro, afinal, temos um país a reconstruir!

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